20.5.06

O Código Da Vinci, o filme


Antes de tudo, é Código Da Vinci, com o D maiúsculo, pq é referência ao nome do cara. Se fosse como já vi muita gente escrevendo por aí, com d minúsculo, ia ser tipo "Código da Vizinha", ou "Código da Piranha", alguma coisa assim. Seria mais fácil Dan Brown ter dado o título de The Da Vinci´s Code, com o ´s, pq ia ser traduzido certo, O Código do Da Vinci, assim não teria problemas. Mas realmente, não se trata de um código feito pelo Da Vinci, ou se trata?

Esclarecido esse ponto meio inútil, falarei primeiro do livro. Li ele no final de 2004, mais de um ano depois de lançado. Meu pai que trouxe um dia, e disse que o comecinho que ele tinha lido até então era muito bom, e falou pra eu ler. Isso foi numa sexta-feira. Sábado comecei a ler. Caralho, não tinha como parar, sério mesmo, eu ia no banheiro, comia, mas voltava pra continuar. Nas primeiras páginas já era o melhor livro que eu tinha lido ever, e isso se confirmou mais ainda no resto, principalmente lá pro meio, quando é explicada a idéia que fez desse livro um dos mais lidos no mundo, ou seja, que Jesus era um mero mortal, foi casado, teve filhos, e existem herdeiros dele até hoje.

No sábado e no domingo li o livro inteiro, e não queria mais saber de nada, tava meio louco, como acho que todo mundo ficou depois que acabou de ler. Será tudo verdade mesmo? Tudo que sempre disseram pra gente é mentira? Jesus era um cara igual a todo mundo, e teve até filhos? A imortalidade dele foi "criada" de um dia pro outro, só pra todo mundo se converter pro Cristianismo? É muita informação junta pra deixar de lado assim, como se fosse um mero livrinho de ficção, que a gente lê e depois guarda. Por causa disso tudo, foi considerado a melhor coisa que eu já li, claro que depois de O Apanhador no Campo de Centeio, esse é uma obra-prima que nem adianta discutir.

Agora falando do filme. Alguns meses depois que eu li o livro, já anunciaram que iam fazer o filme, e o diretor ia ser o mesmo de Uma Mente Brilhante. Isso foi uma notícia ótima pra mim, faltava mais de um ano pra sair, mas tudo bem, eu ia esperar, e ia assistir no dia do lançamento, pq se o livro foi tão bom assim, o filme não podia ser ruim. Ledo engano. Antes da estréia em Cannes, dia 17 desse mês, ninguém tinha assistido, foi guardado a sete chaves, e guardado mesmo, não é que nem o cd do pj novo, que foi bem fácil de conseguir antes hehe. Bom, quem foi em Cannes disse que é uma bosta, teve até gente rindo e vaiando durante a exibição. Será que era tão ruim assim? Ou os críticos são uma merda mesmo, e não se deve levar em conta o que dizem? Um dia depois saiu também em todos os jornais, e todos diziam a mesma coisa, que era uma merda completa, que não valia nem o ingresso.

Era a minha hora de assistir, comprei os ingressos um dia antes, pra não chegar na hora e fuder tudo. E realmente, cheguei lá mais de uma hora antes, e já tinha esgotado tudo não só pra minha sessão, mas pra todas as outras da noite. Pipoca comprada, lugarzinho r0x, companhia melhor impossível do lado, era hora de começar. Agora vou tentar detalhar o máximo possível, pra vcs verem como ESSE FILME É UMA MERDA.

-Cena inicial, do assassinato no Louvre: o curador leva um tiro, mas depois levanta e sai andando, bem na boa, pra poder fazer as coisas antes de morrer. Desde quando é assim tão fácil?
-Em vez de ligar pro Langdon enquanto ele tava dormindo, como no livro, o policial chega num tipo de tarde de autógrafos dele, e joga a foto do curador morto pra ele ver, e não tava nem aí se tinha um monte de gente em volta. Que bosta, dava vontade de rir nessa hora, igual fizeram em Cannes.
-No museu, até que o começo é bem legalzinho, quase igual ao livro, só que depois que Sophie e Langdon jogam o localizador pela janela e ficam só os dois investigando os quadros, começa-se a ver como o filme é bem pobre. Por exemplo, pra explicar os lados masculino e feminino no quadro da Monalisa, no livro Langdnon fala um monte de coisa, e bem devagar, pra gente absorver tudo com cuidado. No filme, é só uma passagem rápida, uma explicação que mais parece aquele programa Mundo de Beakman. A mesma coisa quando vão decifrar os números e frases que o curador deixou antes de morrer. Aí fica brilhando as letras certas, como se Langdon fosse um gênio, que só de olhar pra um enigma já consegue decifrar. Parecia que o diretor tinha esquecido que não tava mais filmando Uma Mente Brilhante.
-A cena de perseguição de carro é mto boa, mas bem impossível. Primeiro, que carro era aquele em que eles tavam? Parecia de brinquedo, de tão pequeno. E se a Sophie fosse piloto de corrida há mto tempo, eu iria entender como ela consegue desviar de todos os carros daquele jeito. Mas como não é, fica uma parada idiota, que só foi feita mesmo pra se perceber que o diretor se esforçou pra esse ser mais um filme de ação do que qualquer coisa.
-No banco, quando tiram o criptex, outra furada: na hora de dar o número da conta, Sophie parece mais uma porra louca, quando diz sem pensar que os números que o avô deixou eram exatamente os da conta. E se não fosse? No livro é bem mais complicado, não é só botar aqueles números e pronto.
-As explicação do Teabing, que é a parte mais importante, é bem reduzida e pobre no filme, enquanto no livro é longa e bem detalhada. No filme, Langdon fica tirando sarro e não acreditando nas coisas que o Teabing diz, falando que ele é louco, etc. Porra, de onde tiraram isso? No livro ficam os dois juntos explicando pra Sophie as coisas po.
-A descoberta que o Teabing é o mestre também é bem fraca. No livro tem coisas que nunca nos fariam desconfiar dele, no filme não é muito difícil prever.
-Quase no final, depois de Sophie descobrir que é a última herdeira de Jesus, aparece um monte de gente dentro da igreja. De onde vieram? O lugar todo escondido lá, e chega do nada umas 100 pessoas. Sai fora, no livro é só os avós que aparecem, e são os únicos importantes mesmo.
-Pra acabar, o túmulo de Maria Madalena tava na verdade na frente do Louvre o tempo inteiro. Tudo bem, mas o choro de Langdon foi desnecessário, ele na verdade só se ajoelha e "ouve uma voz feminina, sussurando, vindo lá do seio da terra". Não precisava chorar.

Resumindo... Filme mto abaixo do que eu achava que seria, mto ruim, mto pobre em detalhes, detalhes que no livro são essenciais. Tem momentos que dá até vergonha de ficar vendo, pq como disse um jornal aí, tiram o principal do livro: a possibilidade de a história ser verídica. É um filme 70% de ação, 20% suspense, e 10% feito pra pensar. No livro, o mais importante são as idéias, o impacto que dá na gente no final, as perguntas que fazemos quando ele acaba. E se for tudo verdade? No filme, não tem nada disso. Não tem esse sentimento de estar sabendo de um segredo que foi guardado durante toda nossas vidas, mesmo sabendo que é mto provável que seja mentira. Se Jesus foi mesmo humano, se ele teve mesmo um filho, se tem herdeiros até hoje... Isso tudo pode ser só invenção, não há provas concretas. Mas e se for? É essa pergunta que fazemos no final. Do livro.

Que pena, um filme tão aguardado e baseado num dos melhores livros já feito, ser um fiasco assim. Eu juro que teve momentos que eu quase saio da sala, pq não dava pra aguentar. Se já leram o livro, não assistam. Se não leram, assistam, mas vai ser só mais um filme.








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